O CHAMADO
Precisava de um telefone público. Na esquina em frente ao Copan, perto de sua quitinete, tinha um orelhão que haveria de servir. Foi o primeiro de tantos que iria explorar.Encarou os adesivos que cobriam o fone. Uma profusão de nomes, demoníacos, convidativos, se espalhavam por todo o orelhão, como se fossem um obsceno papel de parede. Samanta, colegial iniciante. Luana, bunduda. Simone e Renata, dupla insaciável. Nicole, oral até o fim. Escolheu um deles e descobriu um mundo de possibilidades.- Oi amor – disse a voz sussurrante. Em cinco minutos de conversa, foi às alturas.Logo escolheu outro, e mais outro.- Hoje estamos sozinhas, eu e mais três amigas. Por que você não vem brincar com a gente?Ele não ia. Só gostava da conversa sacana. E dos anúncios: Tamara, coroa vadia. Keiko, massagem e algo a mais. Gabriela, mulata bombom, meiga e carinhosa. Chegava a acariciar o fone, quando encontrava uma dessas do outro lado da linha.Começou a ligar sempre que podia. Na hora do almoço, corria d