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Mostrando postagens de agosto, 2017

CARTA AO PAI

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Quis o destino que fosse numa noite de domingo, gélida como os dias de minha infância, no oeste desbravado do Paraná, onde você era uma lenda nos gramados da várzea. Daqueles dias de glória sobraram o andar meio torto, o olhar desconfiado de zagueiro que não gosta de ninguém invadindo sua área. Os domingos lhe pertenciam, havia rituais a serem cumpridos. Poucos podiam desfrutar desses momentos, e lá ia eu, favorecido pelo sangue, a segui-lo pelas ruas do bairro. Cutucando a melancia no mercado, comprando o jornal, acenando a cada esquina. Pois, mesmo reservado e resmungão, era você também uma lenda nas imediações. Todos sabiam de seu itinerário, até mesmo, desconfio, aquele ladrão que o tentou assaltar às cinco da manhã e você –  corajoso e inconsequente – o desarmou e o botou pra correr. Sim, muitos notaram os rituais há tempos abandonados, desde a sua primeira despedida, em março, mas poucos sabiam do seu sofrimento.  Trabalhar e beber a sua cerveja aos domingos, os últimos ví