A COROA DE FLORES
Os filhos chegariam cedo. Ele acordou como sempre, sem sofreguidão, um velho cansado da vida. Ao despertar estremunhado seria imposta, ele sabia, uma espera surda. Por uma viagem que ele não queria fazer. Amulher já ralhava com ele, sem motivo aparente. Estava órfão aos 65 anos, sem lembranças felizes, sem lágrimas a derramar. Como pode um homem não chorar a morte da mãe? Se soubesse a resposta, poderia replicar a mulher, como era de seu feitio. Mas não sabia, e aquela falta de emoção o deixava envergonhado. Agarrou-se ao portão da casa que caía aos pedaços e de lá não sairia, até que Pedro e Raul chegassem para levá-lo até o enterro. Enfim apontaram na ladeira, desviando o carro das crianças que disputavam uma ruidosa pelada. Pedro, o caçula, mal esperou ele destravar o portão. Com um cumprimento rápido, seguiu a passos largos pelo corredor que dava na cozinha da casa. Queria acabar logo com o protocolo familiar e seguir viagem. Raul, o primogênito, ficou ali em frente ao Celta pra