UM VERÃO RADIANTE
Será um verão radiante. Teremos celebrações acaloradas, grandes mesas repletas de comida, brindes aos quais responderemos sem pensar. O abraço pronto para ser deflagrado, lágrimas nos cantos dos olhos que teimaremos em esconder. Dormiremos abraçados a inebriantes lembranças, certos de que, ao despertar, não faltará amor. Teremos virtudes corrompidas, perigosas indulgências. Reputações cairão por terra, amizades serão destroçadas. Mas ainda assim prevalecerá o amor. E haverá gestos mesquinhos, ressentimentos familiares, mais uma briga com o vizinho, a recusa de uma esmola. E mesmo que não seja evidente, haverá amor. A mulher descobrirá que nutre o mais profundo desprezo pelo marido, enquanto ele leva pelo braço a criança embevecida até o mar. Contudo, ao ritmo das ondas que lamberão seus pés, não faltará amor. Alguém cometerá um crime hediondo, logo estampado com gosto nas capas dos jornais. Então homens e mulheres, cheios de rancor, clamarão por vingança e justiça cega para o a