TRÊS CHATOS CLÁSSICOS

Eu sou um cargo – se você teve o azar de cruzar com esse chato muito comum, que gosta de se apresentar para todo mundo, vai identificar imediatamente a conversa do sujeito. “Eu faço isso, faço aquilo, já colaborei com fulano, fui professor de sicrano”. A lista de ocupações e projetos do chato é infindável. Como se a gente estivesse realmente interessado na vida dele. Filósofo tardio – indivíduo de chatice discreta, mas bastante assíduo em mesas e eventos literários. O debate já está acabando, a plateia já fez todas as perguntas possíveis, todo mundo quer conversar com os autores na saída ou fazer uma pausa, mas ele, insensível ao clamor do público, levanta a mão, toma o microfone, rumina um discurso desconexo e faz o convite: “Gostaria de propor uma reflexão”. Nunca falha. Piora quando o chato está sentado ao seu lado. Uma sanduicheira pra chamar de minha – chato muito comum no setor turístico, pode ser encontrado facilmente no café da manhã do hotel. Com devoção, reserva meia hor...