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Mostrando postagens de 2025

VESTÍGIOS NOTURNOS

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Ignore o celular, a distância do ídolo. Faça de conta de que nem tudo é buzz e dinheiro. Esqueça por um instante dos ingressos com preços nas alturas. Tente não admitir que nos tornamos um batalhão de adeptos do deus Engajamento. Ame o resto de poesia que se esconde no céu punk e cinzento de SP. Encontre, como eu encontrei, vestígios de Woodstock nessa foto, tirada pelo Maurício, amigo de longa data. Somos todos passageiros. Lust for life!

TRÊS CHATOS CLÁSSICOS

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Eu sou um cargo – se você teve o azar de cruzar com esse chato muito comum, que gosta de se apresentar para todo mundo, vai identificar imediatamente a conversa do sujeito. “Eu faço isso, faço aquilo, já colaborei com fulano, fui professor de sicrano”. A lista de ocupações e projetos do chato é infindável. Como se a gente estivesse realmente interessado na vida dele. Filósofo tardio – indivíduo de chatice discreta, mas bastante assíduo em mesas e eventos literários. O debate já está acabando, a plateia já fez todas as perguntas possíveis, todo mundo quer conversar com os autores na saída ou fazer uma pausa, mas ele, insensível ao clamor do público, levanta a mão, toma o microfone, rumina um discurso desconexo e faz o convite: “Gostaria de propor uma reflexão”. Nunca falha. Piora quando o chato está sentado ao seu lado. Uma sanduicheira pra chamar de minha – chato muito comum no setor turístico, pode ser encontrado facilmente no café da manhã do hotel. Com devoção, reserva meia hor...

O AMOR QUE ACABA (AINDA É AMOR)

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Um novo tipo de celebração viceja entre os circuitos modernos e antenados da cidade: a festa para comemorar o divórcio. Adotada essencialmente pelas mulheres, é uma espécie de despedida de casada. Brinda-se ao fim de um relacionamento, com a presença do ex, de modo civilizado, dividindo as despesas, ou à revelia dele, o que torna a festa muito mais divertida para a mulher que se liberta do marido – e suas convivas. Liberdade que nasce, desvairada, da ausência prolongada de felicidade em uma relação a dois. O casamento está com os dias contados. E, ao que parece, até que ele caia no esquecimento, teremos que nos familiarizar com essa ideia de, ao final, comemorar a alegria efêmera da separação. Se for mesmo essa a evolução do matrimônio, então caímos numa armadilha, perpetrada pelo sentimento mais almejado entre nós – o amor, sublime amor. Durante eras, casamentos arranjados foram a regra. E a ideia de uniões determinadas por contrato, com normas a serem seguidas, ainda persiste em ...