MORTE E VIDA ROQUEIRA
Num dia 3 de junho, há 53 anos, Brian Jones, o verdadeiro fundador da banda Rolling Stones, morria afogado na piscina. Entre todos os grandes nomes do rock que morreram com emblemáticos 27 anos, Jones é provavelmente o menos lembrado, o que é um tanto injusto. Era um músico muito versátil, e se arriscava em vários instrumentos. Bem antes de George Harrison tornar a cítara um elemento da música pop nos anos 60, Jones executava acordes inspirados na cultura oriental, em canções como Paint in Black e Street Fighting Man, clássicos obrigatórios em qualquer coletânea séria dos Stones.
A última estrela a se juntar ao macabro Clube dos 27 foi Amy Winehouse, falecida num sábado, dia 23 de julho, há 11 anos, em um escaldante verão londrino, de complicações devidas ao abuso de bebidas alcoólicas. Em meu livro Paraíso Selvagem, cuja maior parte da ação se passa em 2008, as músicas de Amy tocam no rádio a qualquer momento. Ela dominou as paradas daquele ano, com o fantástico Back to Black, álbum essencial para conhecer sua obra e também para vislumbrar o que Amy poderia ter feito se chegasse mais longe nesse mundo. O sentimento de perda é algo comum entre os fãs dela, Janis, Morrison, Hendrix e todos os outros integrantes desse malfadado clube.
A morte de Amy para mim foi muito tocante. Ela esteve no Brasil em turnê seis meses antes de falecer, e sua passagem por aqui foi o retrato do quanto a cantora sofria, antes da queda final. Amy definhava a olhos vistos. Seu corpo frágil assustou a quem foi vê-la nos shows do Rio, Recife, São Paulo e Florianópolis. Tinha o olhar perdido, o andar cambaleante de um bêbado. Em um determinado momento de sua vida ela teve que abandonar as drogas - e as substituiu pelo álcool, consumido em larga escala. No mês seguinte, fevereiro de 2011, ela foi a Dubai para aqueles que seriam seus últimos shows. A turnê foi um desastre. Amy estava perdendo a batalha pela vida.
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