O DILEMA DA CAIXINHA
(Publicada em 18.12.08, na Gazeta da Aclimação) Chega o Natal e elas se proliferam – as caixinhas. Grandes, enfeitadas, discretas, diminutas, onipresentes. Estão na portaria do prédio, nos restaurantes, no estacionamento. Quem decide o formato que devem ter? Imagino os funcionários se reunindo para deliberar: este ano vai ser maior, o pessoal está mais generoso. Ou então, provavelmente uma voz mais lúcida recomenda caixinha menor, a crise está aí, difícil ignorar qualquer trocado, pouco sobra para gestos de desprendimento. Será mesmo? A marola da economia estremecendo o espírito do Natal? O fato é que as caixinhas já estão aí, silenciosas, intimidadoras, esperando a nossa manifestação de bom grado. Quase impossível ignorar seu apelo no bar em que tomo café todas as manhãs. O pão na chapa chega no capricho. O caixa sorri com mais intensidade, estimulado pela proximidade da caixinha, bem ali, ao alcance da mão. Daí você, sem perceber, já foi fisgado. Faço uma anotação mental que preci