É TUDO VERDADE, OU COMO O PAUL MCCARTNEY VIROU FIGURINHA FÁCIL NO BRASIL

Em 1990, o Paul McCartney resolveu finalmente vir para o Brasil (depois virou festa e ele agora não sai mais daqui). E já chegou em grande estilo, Maracanã pra 200 mil pessoas e tudo. Durante muito tempo, foi o recorde de público mundial. Juntamos umas economias, eu e o primo, e fomos pro Rio de Janeiro de busão. Lembro da alegria ao retirar o ingresso dias antes, num posto de combustível, parceiro da turnê. Aquele show foi um acontecimento desde o começo. Teve fã que comprou duas entradas e guardou uma como suvenir. A viagem – minha primeira para o Rio – foi um perrengue. O Cometa quebrou na Dutra. Esperamos um tempão na estrada até chegar outra condução. Depois, para economizar, fomos a pé da rodoviária até o estádio. Naquela correria, nem deu tempo de ir no banheiro. Quando as luzes apagaram e o Paul atacou Jet, meu primo não teve dúvida: se aliviou ali mesmo. Duvido que o sujeito que levou o jato de urina à frente dele tenha notado alguma coisa, no meio daquela comoção. Acho que fiquei tão aturdido que nem prestei atenção nos detalhes. Fiz um texto depois na faculdade de jornalismo sobre a minha “cobertura” do evento e o saudoso professor Damião anotou na lauda (eram tempos românticos) que eu não tinha ido no show coisíssima nenhuma.
Eu tava lá, professor. E na minha cabeça megalomaníaca, o Paul entrou em sintonia comigo. Ele pensou: “esses caras fizeram tanto sacrifício pra me ver que agora eu tenho que vir para o Brasil todos os anos do resto da minha vida”.
Eu tava lá e juro que rolou essa conexão.

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